A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, que analisa empresas varejistas com 20 ou mais empregados, registrou em dezembro um volume de vendas do Varejo Restrito com variação de -0,1% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal. De acordo com o IBGE, o resultado sucedeu duas estabilidades consecutivas na margem (variações de -0,5% a 0,5% são consideradas como estabilidade de acordo com o instituto). Entre as atividades pesquisadas, cinco registraram queda e três apresentaram alta. Por outro lado, ao comparar com dezembro de 2023, o Varejo Restrito teve um aumento de 2,0% (19ª taxa positiva consecutiva). Nesse comparativo, quatro atividades registraram alta, e quatro tiveram baixa. Assim, o Varejo Restrito encerrou o ano com crescimento de 4,7%.
No acumulado de 2024, Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos (14,2%), Outros Artigos de uso pessoal e doméstico (7,1%), Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (4,6%), Móveis e Eletrodomésticos (4,2%), Tecidos, Vestuário e Calçados (2,8%) e Equipamentos e materiais para escritório (0,7%) tiveram aumento. Já Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (-7,7%) e Combustíveis e Lubrificantes (-1,5%) puxaram as baixas. Para o Varejo Ampliado, o acumulado do ano registrou crescimento de 4,1%. As atividades de Veículos, Motos, Partes e Peças e Materiais de Construção tiveram aumento (11,7% e 4,7%, respectivamente), e o Atacado Especializado em Produtos Alimentícios registrou recuo de 7,1%.
No Rio Grande do Sul (RS), o Varejo Restrito registrou queda de 1,7% em dezembro, em relação ao mês anterior, na série dessazonalizada, após um aumento de 1,9% em nov/24. Mesmo que alguma desaceleração pudesse ser esperada em um contexto da antecipação de recursos como o décimo terceiro em função da tragédia de maio para uma parcela dos gaúchos, o resultado deve ser considerado com cautela também em função a sazonalidade, especialmente devido à Black Friday em novembro, que pode ter capturando alguma antecipação de vendas do mês seguinte e aumenta a base de comparação que pode não estar tão compensada no ajuste sazonal.
Na comparação interanual, o crescimento foi de 8,1%, com as atividades registrando seis altas e duas quedas. Assim, o Varejo Restrito encerrou 2024 com crescimento de 8,4%, com altas nas atividades de Móveis e Eletrodomésticos (13,4%), Equipamentos e materiais para escritório (12,7%), Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (11,4%), Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos (10,8%), Tecidos, Vestuário e Calçados (6,5%) e Outros Artigos de uso pessoal e doméstico (3,6%), e quedas em Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (-9,5%) e Combustíveis e Lubrificantes (-0,3%). O Varejo Ampliado gaúcho acumulou em 2024 alta de 9,5%, com Atacado Especializado em Produtos Alimentícios (12,6%), Veículos, Motos, Partes Peças (10,7%), Materiais de Construção (9,5%).
Apesar do resultado de dezembro, que pode sinalizar uma dinâmica mais fraca do setor na ponta, o fechamento de 2024 revelou um ano com crescimento forte das vendas, sendo o maior dos últimos 12 anos para o varejo restrito. Esse desempenho positivo foi impulsionado, ao longo do ano, por uma demanda aquecida, em um contexto de continuidade do impulso fiscal em um cenário de mercado de trabalho que se manteve robusto, com avanço expressivo do emprego e da massa de salários, além do suporte importante do crédito em função da política monetária menos restritiva que no ano anterior.
Para frente, será importante acompanhar as próximas leituras para capturar de forma mais clara a dinâmica do setor mês a mês, considerando a perspectiva de um ano que deve mostrar a desaceleração no setor à medida que se maturam os efeitos do atual ciclo de novos aumentos na taxa de juros. Ainda assim, por mais que não se espere que o mercado de trabalho se mantenha com a mesma robustez, o suporte do emprego deve continuar sendo importante para a sustentação do consumo, sobretudo de bens mais sensíveis à renda, enquanto os mais sensíveis ao crédito devem perder força de forma mais intensa. Nesse cenário, e contando com uma base de comparação elevada, esperamos uma dinâmica mais contida para o setor.
No Rio Grande do Sul, o resultado do crescimento expressivo do Comércio em 2024 vem em linha com o forte impulso da reconstrução pós-tragédia, com movimento já em maio de setores movimentados na mobilização imediata, e que se consolidou com a forte expansão das vendas nos segmentos relacionados à recomposição das perdas, inclusive veículos. Para frente, além de ficar mais evidente o arrefecimento desse movimento, conforme esperado, sem a recorrência de recursos extraordinários, a dinâmica menos intensa do setor e um cenário macroeconômico mais desfavorável deve se deparar com bases muito elevadas de comparação pelo efeito extraordinário do contexto da enchente.
É permitida a reprodução total ou parcial deste conteúdo, elaborado pela FECOMÉRCIO-RS, desde que citada a fonte/elaboração. A FECOMÉRCIO-RS não se responsabiliza por atos/interpretações/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações.
Fonte: Fecomércio-RS