ARTIGO: O abismo das apostas: ruína para a economia familiar

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Os jogos de apostas, sejam eles físicos ou virtuais, estão crescendo de forma acelerada em nossa sociedade. No entanto, o que parece ser um entretenimento inofensivo esconde uma ameaça real para as famílias e para a economia local. Este é o momento de chamarmos uma discussão que não é individual, para que estejamos cientes de que os prejuízos causados por essa prática afetam a todos nós. Disfarçada de uma vitória na aposta, pode estar a ruína social e econômica de uma pessoa e isso é mais grave do que a maioria das pessoas pensa sobre esse tema.

Muitos jogadores entram nesse mundo na esperança de ganhar dinheiro fácil, mas a realidade é muito diferente. A grande maioria acaba perdendo mais do que ganha, resultando em dívidas que corroem o orçamento familiar e impulsionam o endividamento, criando a perda de capacidade de gestão financeira do apostador. Quando o dinheiro destinado ao consumo básico, como alimentação e vestuário, é desviado para o jogo, o comércio local sofre diretamente com a queda no consumo.

Além do impacto direto nas famílias e nos negócios, os jogos de apostas também promovem uma falsa ilusão de riqueza. Ao invés de investir em iniciativas produtivas, muitos optam por apostar em algo incerto. Isso enfraquece a economia regional, pois menos recursos são direcionados ao comércio e à geração de empregos. O resultado é um ciclo vicioso: menos consumo, menos empregos e como resultado de tudo isso, mais pobreza.

É preciso lembrar que os jogos de apostas também podem levar ao vício, com consequências graves para a saúde mental. Famílias desestruturadas, perda de renda e aumento da criminalidade são alguns dos efeitos colaterais desse vício.

O impacto social é devastador, e quem paga o preço somos todos nós, como comunidade. A doença mental, que nem sempre tem sintomas aparentes, desestabiliza toda a família, causando danos irreparáveis a todas as pessoas que convivem com quem está doente.

Está mais do que na hora de criarmos um debate regional acerca desse problema e da necessidade de uma regulamentação mais clara, que preconize a conscientização dos perigos dos jogos de apostas. Precisamos proteger nossas famílias, nossos negócios e nossa economia local. A solução está em ações coletivas que coloquem o bem-estar da sociedade acima de interesses econômicos duvidosos de fonte duvidosa.

Mauro Spode
Presidente do Sindicato do
Comércio Varejista de Santa Cruz do Sul
e Região (Sindilojas-VRP)

JORNAL GAZETA DO SUL – 04/09/2024

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