Combustíveis e alimentos puxam alta nas vendas do comércio no 1º semestre de 2023

Combustíveis literalmente colocaram certo gás nas vendas do varejo no primeiro semestre do ano. No Rio Grande do Sul, o setor (varejo restrito) teve alta acumulada de 1,2% no volume comercializado no período, mostrou a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (9) pelo IBGE. Somente os postos venderam volume 11% maior no período.

O varejo ampliado, com automóveis e materiais de construção, avançou 3% no semestre, com veículos subindo 8,4%, enquanto o comércio ligado à construção recuou 4,7%. Atacarejos (estilo de supermercado com volume e preços de atacado), que entraram no indicador na largada do ano, ainda não tiveram a comparação.

No Brasil, a alta média foi de 14,5% no varejo restrito. Os segmentos de veículos e materiais subiram 4%. Os dados semestrais indicam que o saldo do varejo foi positivo de janeiro a junho em setores que sofrem mais influência de renda, consumo mais imediato e recuo da inflação.

Mas junho já mostra mais o momento do comércio. O volume de vendas no quadro restrito no Estado foi 0,6% acima de maio, mas teve queda de 1,7% em relação a junho do ano passado. No varejo ampliado, com veículos, materiais de construção e atacarejos, a alta foi de 1,7% no confronto mensal e de 2,1% em relação a junho de 2022 no mercado gaúcho.

Combustíveis tiveram queda de 6,7%, enquanto supermercados cresceram 3,4% – mas no semestre, o setor quase empatou em zero, com leve alta de 0,2%. Já tecido e vestuário, eletromóveis, livros e jornais (área editorial) e materiais para escritório tiveram quedas de 3,8%, 8,1%, 9% e 3,6%, respectivamente. Já farmácias e itens de beleza e higiene pessoal seguem no lado positivo, com avanço de 6,1%. Materiais de construção venderam 3,4% mais e atacarejos, 7,3%.

As vendas de automóveis tiveram elevação de 26,2% no desempenho anual (frente a junho de 2022), efeito do programa de descontos dos modelos com valor mais baixo, que já era esperado, observou à coluna Minuto Varejo o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank. Sobre os demais segmentos, o economista aponta os efeitos da conjuntura macroeconômica:

“Especificamente sobre hiper e supermercados, pesou a deflação bem forte de alimentos e bebidas no período, tanto para Brasil quanto para o Rio Grande do Sul”, associa Frank. A nova queda em tecidos e vestuário, menos intensa que a de maio no Estado, tem relação com o frio reduzido, que pesa negativamente, completa o economista-chefe da CDL-POA.

No Brasil, a PMC de junho ficou no 0 a 0, sem crescimento, com 0% de variação. O acumulado no primeiro semestre de 2023 é de alta de 1,3% com relação ao mesmo período de 2022. Em 12 meses, o setor fecha nono mês consecutivo no positivo, chegando a 0,9%. Na comparação de junho de 2022 com junho de 2023, o volume de vendas no comércio teve alta de 1,3%.

Ao analisar o período recente, o IBGE ponderou que janeiro abriu o ano com crescimento significativo no volume de vendas, mas o desempenho de fevereiro a junho ficou próximo a zero. Segundo o órgão, o resultado de junho historicamente fica -3,3% abaixo do máximo da série, de outubro de 2020, e 3% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).

“O primeiro semestre fecha em alta muito por conta do crescimento concentrado em janeiro, quando foi de 4,1%. Depois de janeiro, os resultados são mais tímidos, com variações mais próximas a 0%”, comentaogerente da pesquisa, Cristiano Santos,no site do IBGE. As atividades que mais tiveram influência sob o resultado foram tecidos, vestuário e calçados e hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Quatro atividades fecharam o primeiro semestre em alta. Um dos principais responsáveis pelo crescimento nas vendas do comércio varejista foi o setor de combustíveis e lubrificantes. Nos primeiros seis meses de 2023, a atividade acumula 14,5% de ganho em relação ao mesmo período de 2022, com crescimento de 21,1% nos últimos 12 meses no País. “Este cenário de expansão é bem definido por conta da mudança da política de preços no ano passado, e continuou esse ano”, diz Santos.

Hipers, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo puxaram a taxa para cima também. O setor acumula crescimento de 2,6% no ano em junho, com destaque para o resultado de abril, quando registrou alta de 3,6%. Para o pesquisador, entretanto, o cenário ainda é bastante contrário à perspectiva de consumo no varejo. “Sobretudo com relação ao crédito e a taxa de juros”, ressalta o gerente.

Legendae foto da capa: “No Rio Grande do Sul, combustíveis tiveram elevação de 11% na venda de janeiro a junho”
Evandro Oliveira/JC

Patrícia Comunello

Jornal do Comércio, 09/08/2023.

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