Consumidor mais exigente é desafio para lojistas

“O desafio do varejo é o mesmo de sempre: entender o cliente!” De forma singela e quase óbvia, a superintendente do grupo Lins Ferrão, dono das redes Pompéia e Gang, Carmen Ferrão, posiciona onde está o desafio que varejistas encaram dia a dia.

A coluna Minuto Varejo, que completou esta semana dois anos de veiculação de conteúdos focados em negócios do setor, buscou Carmen e mais 15 dirigentes de empresas e de entidades para saber quais são os desafios para quem está atrás do balcão. O varejo já estava mudando antes da pandemia e acelerou ainda mais o ritmo de transformações.

As percepções dos interlocutores que atuam no comércio geral, em serviços e em supermercados reúne variáveis desde comportamento do consumidor, que não é mais tão fiel a marcas, mix de produtos e como é a agilidade em ler o cenário do que a clientela busca a questões objetivos, como pressão de custos, conjuntura adversa, com juros e inadimplência altos. Além disso, o fator climático tem gerado dificuldade extra a setores, como de vestuário, no Rio Grande do Sul.

Até o fim de 2023, a perspectiva é de indicadores ainda instáveis, com aposta de corte de juro básico, com efeitos reaisi em 2024. Para o elenco que opina nesta edição de estreia nas quijntas-feiras, os desafios já estão na cesta de escolhas faz tempo.

Balcão de percepções
A pergunta é: Qual é o maior desafio para quem vive o varejo hoje?

“O maior desafio de quem vive o varejo hoje é utilizar as novas tecnologias sem abrir mão do lado humano, pois está na essência do varejo fazer com que as pessoas se sintam acolhidas e acarinhadas. Às vezes, inclusive, é para se relacionar que entram em uma loja.” Irio Piva, presidente da CDL Porto Alegre

“O desafio do varejo é o mesmo de sempre: entender o cliente! Hoje, mais do que nunca, nos exige um olhar e um entendimento de onde, como e por que escolhem as marcas. A competição é global, ocupar a prioridade na mente das pessoas vai fazer a diferença.” Carmen Ferrão, superintendente do Grupo Lins Ferrão

“Sobreviver à competição cada vez mais acirrada pelas novas tecnologias suplantando todos os dias o peso e a burocracia estatal.” Luiz Carlos Bohn, presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac

“O mundo digital anda a passos largos. A Inteligência Artificial está entrando na nossa vida, fazendo parte do nosso dia a dia. Apresenta-se um enorme desafio para os varejistas. Entendo que a adversidade é o cliente sentir a humanização neste mundo prático e permanecer fiel às suas marcas preferidas.” Suzana Vellinho, presidente da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA)

“Vivemos um momento de novas formas de consumo. O desafio é entender a melhor forma de vender, engajar e transmitir uma experiência ao consumidor onde ele veja os valores que o representem, não só na marca e aparência, mas na forma em que a marca se posiciona!” Arcione Piva, presidente do SindilojasPOA

“O maior desafio é a rentabilidade (sustentabilidade financeira). A competitividade é cada vez maior, o dinamismo e a celeridade das mudanças exigem investimentos constantes. O poder de escala esmaga os pequenos negócios.” Vitor Koch, presidente da FCDL-RS

“Não há um desafio único a transpor, mas uma infinidade de variáveis que tornam este setor muito ansioso, ágil e desafiador. O varejo é uma escola e também um aluno, que aprende diariamente com o mercado e com as mudanças frenéticas que o consumidor e a concorrência nos impõem.” Antonio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas)

“É oferecer um padrão de experiência ao cliente tanto off-line quanto on-line, uma vez que o consumidor, os produtos e as datas comemorativas são as mesmas. A mudança constante na tributação dos produtos, dificulta bastante o equilíbrio da lucratividade das empresas e o preço oferecido ao cliente.” Patricia Machado, diretora da rede Supermago

“Entender o cliente, estar próximo e ter adaptabilidade com a velocidade necessária.” Silvia Rachewsky, gerente de marketing do Shopping Total

“Estruturar o empreendimento, cumprindo todas as exigências legais, que são inúmeras, e formatar seu negócio de forma Figital. O empreendimento no varejo hoje demanda inevitavelmente ter duas portas de entrada para os clientes/leads: uma física e outra digital.” Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do RS

“Com o avanço da tecnologia e o crescimento do e-commerce, os consumidores têm mais opções do que nunca, o que aumenta a pressão sobre as empresas tradicionais para se destacarem e oferecerem experiências de compra diferenciadas.” Rosi Frigo Luz, fundadora e diretora da Loja inna

“Atrair e fidelizar clientes.” Otelmo Drebes, CEO da Lebes
“O desafio é recuperar o fluxo de clientes nas lojas físicas. A pandemia cristalizou uma mudança de hábito de vida e, consequentemente, de hábito de consumo, no qual o home-office e as tele-entregas, que otimizam tempo e pesquisa de preços, diminuiriam muito a quantidade de pessoas nas ruas e nos centros comerciais.” Sérgio Galbinski, presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV)

“Os varejistas precisam se apropriar da conjuntura (concorrência do digital e pressão para reduzir preço/ margens), fazer parte de comunidade, entender muito bem dores e valores e conseguir entregar soluções para grupos específicos de clientes.” Fabiano Zortéa, especialista em varejo do Sebrae-RS

“Meu varejo é atípico. O fator climático interfere muito – cadê o inverno?! Também o atual nivel de inadimplência está pesando bastante na hora da comprar, além de o consumidor estar sempre aguardando uma liquidação.” Marise Mariano, superintendente do DC Shopping

“Para o varejo que só tem loja física, o maior desafio é a concorrência das operações digitais que oferecem maior variedade, menor preço, mais conveniência e entrega cada vez mais rápida.” José Resende, Vice-presidente CDL-POA e investidor em startups

Coluna de Segunda

Minuto Varejo – Coluna de Segunda – imagem chamada – Magnabosco – loja de Caxias do Sul com 108 anos
/PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC

 

 

 

 

 

 

 

A coluna passa a ter duas frequências semanais a partir de hoje, o que amplia o espaço da cobertura e abre a possibilidade de mais fontes e histórias de varejo. Uma das novidades é que a cada edição, vamos antecipar um conteúdo que vai estar na coluna seguinte. Para abrir, uma pergunta: Quantos varejos têm mais de 100 anos no Rio Grande do Sul? Os centenários são cada vez mais escassos. Na pandemia, muitos foram vencidos pelas mudanças, muito porque a aceleração digital ganhou mais força, e pelas restrições de operação física. Mas e os sobreviventes? Como estão? A história de um deles vai estar na coluna da próxima segunda-feira. A Magnabosco, com 108 anos, de Caxias do Sul, tem novidades no front. A coluna falou com o CEO, Pedro Sebhe, sobre o conceito da loja situada no centro de Caxias, única da marca, novos ambientes que unem experiência e inovação, e planos que podem escrever um novo capítulo na história da Magnabosco. Não perde!

O fator população

Minuto Varejo – Patrícia Palermo – economista-chefe Fecomércio-RS – comércio – consumo – macroeconomia – economista
/PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC

 

 

 

 

 

 

 

Um tema ganhou foco com o recente Censo Populacional 2022. Cidades ganham e outras perdem habitantes. E qual é o efeito deste fluxo? A coluna conversou com a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, que faz alerta sobre impactos para localidades que estão com menos moradores.

Minuto Varejo – Quanto o fator população é decisivo para manter esta efervescência nas economias?

Patrícia – Fizemos um trabalho recente com o Sebrae olhando 50 cidades. O primeiro ponto era a questão demográfica. O Estado tem como característica há bastante tempo uma taxa de crescimento demográfico mais baixa no País. Uma das consequências é o envelhecimento da população. Olhamos a evolução da pirâmide etária, quando levávamos isso às cidades, os gestores ficavam surpresos, pois desconheciam os dados. O RS, entre 2000 e 2020, caiu mais de 20% a população de 0 a 14 anos, mas, em alguns lugares, o recuo foi de 35%. Isso tem a ver com a redução do contingente de adultos jovens, que são os que têm filhos. Muitos, por exemplo, migram para outros estados. Qual é o problema de perder adultos jovens? É a pessoa que vai empreender, comprar o primeiro carro e imóvel, mais do que a média da população. Ela está cheia de sonhos.

Legenda foto da capa: “Como atrair clientes que são assediados do físico ao dig”ital é a pergunta que pauta varejistas

PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC

Jornal do Comércio, edição de 27/07/2023.

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