Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, a taxa de desocupação média brasileira foi de 7,9% no trimestre encerrado em jul/23. Em relação ao trimestre anterior (encerrado em abr/23), quando a taxa foi de 8,5%, também houve queda. Em relação ao mesmo trimestre de 2022 (9,1%), também foi verificada queda da taxa. A taxa de participação da população em idade ativa na força de trabalho está em 61,7%, elevando-se em relação ao trimestre imediatamente anterior (61,4%), mas com queda na comparação com o mesmo período de 2022 (62,7%). A queda da taxa de participação tem sido um fenômeno observado no Brasil desde a pandemia. Se a taxa de participação fosse a mesma do trimestre de jul/22, a taxa de desocupação estaria em 9,3% e, considerando a participação em jul/19 (63,7%), ou seja, no mesmo período pré-pandemia, a taxa estaria em 10,8%.
O contingente de desocupados teve redução de cerca de 125 mil pessoas, totalizando 8,5 milhões de indivíduos – o que representou uma queda de 6,3% ante o trimestre anterior, e de 13,8% em relação ao trimestre encerrado em jul/22. A população ocupada, por sua vez, teve expansão de aproximadamente 424 mil trabalhadores, aumentando 1,3% na comparação com o último trimestre encerrado em abr/23, e 0,7% em relação ao trimestre de jul/22. Com o aumento no total de ocupados ante o trimestre anterior maior que a expansão de 299 mil pessoas no contingente da força de trabalho (que provocou o aumento na taxa de participação), houve redução na taxa de desocupação.
Em termos setoriais, esse aumento da ocupação na comparação com o trimestre anterior e com o mesmo trimestre do ano passado vieram dos Serviços, especificamente dentro dos grupamentos de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais e Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas. Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, dentro de Serviços, também registra aumento o total ocupado em Transporte, armazenagem e correio; Comércio e Indústria geral ficaram estáveis, ao passo que registraram recuo Construção e Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. Em relação ao trimestre encerrado em abr/23, com exceção de Serviços domésticos, que também cresceram, os demais grupamentos de atividades ficaram estáveis.
O rendimento real médio das pessoas ocupadas foi de R$ 2.935 no trimestre encerrado em jul/23, crescendo 5,1% na comparação com o período do ano anterior e ficando estável em relação ao trimestre imediatamente anterior (0,6%). A massa de rendimento real teve aumento de 6,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com o trimestre anterior também houve alta (2,0%).
Os dados da Pnad Contínua seguem capturando um mercado de trabalho resiliente. Depois de uma retomada forte em 2022, os Serviços seguem em destaque, e a dinâmica geral parece ser de maior acomodação que desaquecimento propriamente dito. Diante disso, e com taxa de participação que apesar do aumento segue bem abaixo do pré-pandemia – implicando aperto maior no mercado de trabalho – segue no radar o impacto de possíveis pressões salariarias sobre o processo de desinflação.
Legenda foto da capa: “O contingente de desocupados teve redução de cerca de 125 mil pessoas, totalizando 8,5 milhões de indivíduos”
Fecomércio RS – 31/08/2023.