Saldo entre contratações e desligamentos no Estado avançou de forma lenta e ficou 25,9% inferior ao registrado no ano passado.
O Rio Grande do Sul abriu 19.545 vagas de emprego com carteira assinada em fevereiro. O resultado é fruto da diferença entre as 131.968 admissões e as 112.423 demissões realizadas no período. Os dados são do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
O desempenho do Estado, assim como o do país – que apurou saldo positivo de 241.785 ocupações formais no segundo mês do ano – teve leve variação sobre janeiro (0,73% no RS e 0,57% no Brasil), mas ficou abaixo de fevereiro de 2022. Na comparação com igual período do ano passado, o saldo foi menor em quase 7 mil vagas no Rio Grande do Sul (queda de 25,9%) e em 111,5 mil ocupações formais no país (baixa de 31,6%). Naquele período, tinham sido criados 26.379 empregos com carteira no mercado gaúcho e 353.294 postos de trabalho nacionais.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, constata que o mercado de trabalho perde fôlego na geração de novos vínculos formais. No Brasil, acrescenta, todos os grandes grupamentos apresentaram redução de ritmo na comparação com o mesmo período de 2022. No Estado, ainda que menos intensa, a redução do ritmo tem como destaques os comportamentos da construção civil, que praticamente estagnou na criação de vagas (apenas 164), e dos serviços, que geraram 50,6% menos vagas do que no mesmo período do ano passado, aponta a economista.
Sazonalidade
Entre os setores, a sazonalidade da indústria, essencialmente no que envolve o período típico das contratações no segmento de tabaco, alavancou a performance gaúcha com saldo de 12.142 postos com carteira assinada. Logo atrás estão os serviços, com 5.421, e a agropecuária, com 2.919. Construção em estabilidade e comércio no campo negativo apresentaram movimentação já esperada para o momento.
— Se olharmos os dados ampliados, veremos que esse é um mês que favorece a indústria, sobretudo, a tabagista, enquanto no comércio ainda há um ajuste. Quando se olha para os serviços, o número absoluto parece inflado, mas a variação sobre janeiro fica em 0,49% — complementa Oscar Frank, economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA).
Na avaliação de Frank, em análise mais abrangente, percebe-se que a desaceleração no mercado de trabalho formal, em parte, se explica pelo ajuste estatístico. Isso acontece porque, segundo o economista-chefe da CDL-POA, a base de comparação de 2022 pode ser considerada elevada, em razão do momento de retomada mais consistente da economia após a pandemia.
Macroeconomia
Por outro lado, afirma Frank, é impossível fechar os olhos para os efeitos que estão reequacionados com a macroeconomia. Dentre os principais, cita o baixo índice de investimentos, crédito mais caro, freio na atividade econômica e alto percentual da população em situação de endividamento e inadimplência.
O economista alerta que é preciso ter cuidado ao atribuir a continuidade do cenário de menor velocidade para a expansão do mercado de trabalho com base em indicadores isolados. No entanto, diz que perspectivas como a pressão inflacionária, que deverá segurar os juros em elevação por mais tempo, e a maior exposição do Brasil ao cenário externo dão indicativos de que o clima de “moderação” deve permanecer ao longo das próximas divulgações do Caged, e também da Pnad, do IBGE, que inclui as contratações sem carteira assinada nas estatísticas.
Fonte: Gaúcha GZH – 31/03/2023.