Taxa de desemprego no RS volta a cair

Em menor ritmo, taxa de desemprego no RS volta a cair, chega a 6% e atinge patamar mais baixo em sete anos

Com quase 5,9 milhões de gaúchos no mercado de trabalho, indústria, construção civil e comércio puxaram as contratações no terceiro trimestre de 2022.

A taxa de desemprego no Rio Grande do Sul manteve a trajetória de baixa registrada ao longo no ano e chegou a 6% no terceiro trimestre, o menor patamar desde o segundo trimestre de 2015. Por outro lado, no intervalo entre julho e setembro de 2022, o recuo foi de 0,3 ponto percentual, o que, estatisticamente, representa condição de estabilidade, mas demonstra a desaceleração do ritmo de queda no indicador que revela o percentual de pessoas sem emprego. Agora são quase 5,9 milhões de gaúchos no mercado de trabalho, 2,52% a mais do que o anotado nos três meses iniciais deste ano. Outros 376 mil continuam atrás de uma colocação, 18,8% a menos do que na primeira medição, quando os desempregados somavam quase meio milhão de pessoas no Estado.

As principais alterações ocorreram naqueles setores que detém os maiores percentuais de empregos. É o caso da indústria (56 mil vagas), da construção civil (26 mil) e do comércio (18 mil). Já a agropecuária teve redução de 13 mil postos.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na manhã desta quinta-feira (17). Entre os destaques, o coordenador da Pnad no RS, Walter Rodrigues, aponta para uma inversão no quadro de avanço da informalidade.

Ele lembra que, nesse aspecto, o RS exibia os maiores índices do país nos dois trimestres anteriores. Após leve redução de 5 mil postos sem carteira assinada e elevação de 74 mil vagas formais, atualmente, 2,37 milhões de gaúchos contam com os direitos e garantias trabalhistas, ante 545 mil desassistidos.

— Nesse o universo, as categorias dos por conta própria com CNPJ tiveram acréscimo de 60 mil. Os sem CNPJ, decréscimo de 53 mil. A conta não é exata, mas chama bastante a atenção a proximidade dos números. O detalhe é que, do primeiro para o segundo trimestre, a variação na taxa de desemprego foi de 1,2 ponto percentual, e agora, 0,3 ponto. Significa que continua em queda, mas também pode indicar que na pandemia batemos o pior momento, estamos subindo, mas a fonte de melhora parece estar secando — comenta.

Taxa de participação

Uma das explicações para o movimento, conforme o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, se refere à chamada taxa de participação. O indicador voltou a subir, bateu em 65,8% e deve ser interpretado, explica Frank, como um termômetro para o grau de atratividade do mercado.

— Na estatística de desemprego estão contempladas as pessoas que procuram e não encontram, mas não inclui aquelas que sequer procuram. Por isso, o aumento da taxa de participação assinala mais interesse em um mercado que oferece melhores condições, e isso também converge com a redução da informalidade — argumenta.

Frank acrescenta que a explosão da informalidade é uma das características recorrentes dos períodos que sucedem às crises. Afirma que medidas como a liberação do saque antecipado do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Abono Salarial, ampliação do Auxílio Brasil, entre outras medidas que envolvem transferência de renda, contribuíram para manter a situação estável.

Queda na inflação eleva renda média real do trabalhador

Além da informalidade, outra preocupação que rondava o mercado de trabalho no país e no Estado era a diminuição da renda média real do trabalhador. Na passagem do segundo para o terceiro trimestre de 2022, para se ter uma ideia, a elevação foi de 6,67% – de R$ 2.922 para R$ 3.117.

A justificativa passa pela inflação. Em igual período, sustentado por desonerações temporárias de tributos sobre combustíveis e energia elétrica, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou três meses consecutivos de queda (julho, agosto e setembro), mas voltou a subir em outubro. O coordenador da Pnad Contínua no RS, Walter Rodrigues, explica que a variação positiva da renda real, neste caso, está mais ligada ao abrandamento da corrosão provocada pela alta dos preços da economia nos vencimentos do que com eventuais aumentos nominais de salários.

— No primeiro trimestre, a média da inflação era de 3%, e no terceiro foi de 0,5% negativo. Se os índices de inflação voltarem a subir, a exemplo do que ocorreu em outubro, esse rendimento real não se sustentará — analisa.

Fonte: Gaúcha GZH – 21/11/2022.

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